Em sua 10ª Reunião Ordinária, o CRF deliberou pelo envio de uma carta em apoio à Associação dos Servidores Federais da Área Ambiental no Estado do Rio de Janeiro, defendendo que o Licenciamento Ambiental não pode perder seu caráter público e que os fatos relatados pela ASIBAMA/RJ (vide a Carta) sejam prontamente apurados.
Leia a Carta na íntegra:
"A Associação dos Servidores Federais da Área
Ambiental no Estado do Rio de Janeiro (ASIBAMA/RJ) recentemente tornou público
uma série de fatos pelos quais vem passando o Licenciamento Ambiental dos
empreendimentos marítimos de petróleo e gás natural, através dos documentos
“LICENCIAMENTO AMBIENTAL FEDERAL: RESISTINDO AOS ATAQUES” e “INTERVENÇÃO NA
COORDENAÇÃO GERAL DE PETRÓLEO E GÁS”. Tais fatos, intensificados nos últimos
meses, jogam por terra os avanços obtidos pela Coordenação Geral de Petróleo e
Gás (CGPEG), e colocam em risco um trabalho que vem sendo construído há cerca
de 13 anos por um grupo de servidores públicos federais comprometidos com a
sociedade brasileira, com o desenvolvimento mais justo e com a conservação
ambiental.
O Licenciamento Ambiental deve ser considerado como
uma conquista de toda a sociedade, pela possibilidade de ruptura com a lógica
perversa onde as empresas poluidoras individualizam os lucros e socializam os
prejuízos. No entanto, os empreendedores acusam o Licenciamento Ambiental de
ser excessivamente lento, burocrático, dispendioso: um grande entrave ao
desenvolvimento. Já as comunidades impactadas pelos empreendimentos acusam o
Licenciamento Ambiental de ser precipitado, pouco criterioso e pouco
participativo. A primeira versão obviamente é a mais divulgada, inclusive,
dentro dos órgãos governamentais. Assim, não há um novo Ministro do Meio
Ambiente, ou um novo Presidente do IBAMA ou Diretor de Licenciamento que não
defenda que é preciso “agilizar” o licenciamento.
No atual cenário de crise, é previsível a intensificação
das tentativas de flexibilização da legislação ambiental, dando um novo fôlego
aos discursos contra a “burocracia” do Licenciamento Ambiental. Porém, é
preocupante a defesa e imposição desta pauta dentro do próprio IBAMA, órgão que
deveria defender publicamente os interesses da mais ampla sociedade.
Hoje a agenda da Diretoria de Licenciamento
Ambiental do IBAMA prioriza claramente, como demonstraram os documentos
divulgados pela ASIBAMA/RJ, as demandas dos empreendedores em detrimento das
demais partes interessadas. Ao mesmo tempo em que desqualifica decisões
técnicas há muito internalizadas pelas coordenações de Licenciamento. Com isso,
análises de caráter técnico elaboradas pelos servidores que trabalham na CGPEG
estão sendo completamente desconsideradas nas decisões tomadas pela direção do
IBAMA e da sua Diretoria de Licenciamento, sem apresentar quaisquer
contrapartidas técnicas.
Reconhecendo a necessidade de melhorias nas
ferramentas de participação da sociedade, com o envolvimento mais efetivo de
atores historicamente excluídos, o CRF- FF, assim como a ASIBAMA/RJ defende que
o Licenciamento Ambiental não pode perder seu caráter público, como preconiza o
artigo 225 da Constituição Federal Brasileira. E, ao denunciar esses graves
fatos, demonstra a luta que os servidores da CGPEG estão travando para defender
seus posicionamentos técnicos e se manterem independentes de pressões políticas
e econômicas.
Neste sentido, e por entender que o que está em jogo
são os interesses não apenas desses servidores, mas dos servidores de órgãos
ambientais e da sociedade de maneira geral, o Conselho de Representantes dos
Funcionários da Fundação Florestal do Estado de São Paulo deliberou em sua 10ª
Reunião Ordinária o apoio à ASIBAMA/RJ, demandando que os fatos por ela
relatados sejam prontamente apurados.
Conselho de Representantes dos Funcionários da Fundação Florestal - CRF/FF"
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